André Bueno / Rede Câmara

PSB de São Paulo desfilia vereador Camilo Cristófaro após fala racista

Ele foi desfiliado antes da abertura de investigação pelo partido

 

O PSB de São Paulo desfiliou hoje o vereador Camilo Cristófaro, após receber pedidos de punição de outros membros do partido por uma fala racista. O vereador informou que já havia pedido para sair do partido, conforme ofício enviado ao presidente do diretório estadual, Jonas Donizette, no último dia 28. Assim, o vereador foi desfiliado antes da abertura de uma investigação na Comissão de Ética do partido.

Camilo Cristófaro participava de forma remota, ontem (3), de uma sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Aplicativos, na Câmara Municipal de São Paulo. Como o microfone do vereador estava aberto, o áudio da fala dele com outra pessoa acabou vazando para a reunião: “Não lavaram a calçada, é coisa de preto, né?”, foi a frase ouvida durante a sessão.

Repercussão

O presidente da Câmara Municipal, Milton Leite, disse, por nota, que o caso será apurado pela corregedoria da Casa. “É com uma indignação imensa que lamento mais uma denúncia de episódio racista dentro da Câmara de vereadores de São Paulo, local democrático, livre e que acolhe a todos. Como negro e presidente da Câmara tenho lutado com todas as forças contra o racismo, crime que insiste em ser cometido dentro de uma Casa de Leis e fora dela também”, diz o comunicado divulgado ontem.

As vereadoras Luana Alves e Elaine Mineiro do mandato coletivo Quilombo Periférico, ambas do Psol, também repudiaram a fala. “Tomaremos as ações necessárias para a devida punição do vereador e exigimos uma postura condizente da Câmara Municipal de São Paulo”, diz o texto publicado nas redes sociais do Quilombo Periférico.

Vereador nega racismo

Cristófaro negou que tenha sido racista e se referiu ao episódio como uma “brincadeira”. “Eu não sou racista. Setenta por cento de quem me acompanha são afros. Foi uma brincadeira infeliz com um deles, meu irmão de coração e que, mesmo ele sendo meu amigo há décadas, eu reconheço: fui infeliz, mas racista nunca”, disse hoje (4) em resposta à Agência Brasil.