Abraço Guarapiranga chama a atenção para a descarga de esgoto no reservatório e demanda ações de preservação
Abrindo a Semana do Meio Ambiente, o Abraço Guarapiranga será realizado no domingo, 04 de junho, no Parque da Barragem, zona sul da capital paulista.
Trata-se da mais tradicional manifestação popular em defesa das fontes de água da região metropolitana de São Paulo. Em sua 17ª edição, o Abraço, como é carinhosamente conhecido, terá como tema o combate ao lançamento de esgoto sem tratamento nos cursos d’água, em especial na própria represa.
Além de pressionar o poder público por melhorias, o evento mobilizará e alertará a população, empresas e todos os níveis de governo para a urgência na construção de uma nova cultura de cuidado com a água.
Os movimentos e organizações envolvidos no Abraço também cobram medidas urgentes para conter a destruição das fontes de água, sobretudo da Guarapiranga e da Billings, sufocadas pela destruição dos seus mananciais e pelo despejo de resíduos de todo tipo nos seus corpos.
Recentemente a Represa Guarapiranga, por exemplo, se viu coberta por uma densa camada de Macrófitas, plantas que se multiplicam rapidamente em ambientes aquáticos pobres em oxigênio e ricos em nutrientes orgânicos, oriundos basicamente do esgoto doméstico despejado sem tratamento.
Sobre o Abraço
O Abraço Guarapiranga é realizado por um conjunto de organizações da sociedade civil desde 2006, quando a represa celebrava 100 anos de existência.
A partir da pressão realizada pelo Abraço, houve uma série de conquistas para o reservatório, seus mananciais e toda a região, como a implantação dos parques lineares, a requalificação da orla da avenida Atlântica e diversas contribuições para o aperfeiçoamento de legislações sobre o tema.
O Abraço é um evento aberto ao público e inteiramente gratuito, como demonstração de respeito e carinho, numa celebração das águas, do meio ambiente e da natureza, mas também um ato de denúncia e indignação pelo descuido com a preservação dos mananciais, especialmente da Guarapiranga.
O evento propõe ainda uma profunda reflexão sobre a situação dos reservatórios, reivindicando ações urgentes das prefeituras (especialmente a de São Paulo) e do Governo do Estado. Somente com planejamento e ações integradas dos órgãos públicos, em consonância com as organizações da sociedade civil (conforme determina a Lei Específica da Guarapiranga nº 12.233 e outras) será possível reverter o quadro atual de degradação e salvar esse patrimônio vital para toda a população paulistana.

Sobre a Guarapiranga
Com uma produção de 15m³ de água por segundo e abastecendo cerca de 5 milhões pessoas, a represa do Guarapiranga é o segundo maior sistema de produção de água de São Paulo.
Criada há 117 anos, a Represa é indispensável ao abastecimento de água da capital paulista, uma vez que a região mais povoada do País possui baixa oferta de água. Lamentavelmente grande parte do esgoto produzido na Bacia Hidrográfica da Guarapiranga é lançado diretamente nos córregos que deságuam na represa.
As inúmeras estações elevatórias do sistema Guarapiranga estão danificadas e não bombeiam o efluente para que receba o devido tratamento.
Ou seja, a própria concessionária dos serviços de abastecimento de água e tratamento de esgotos é quem despeja os dejetos irregularmente nos cursos d’água, chegando ao reservatório. Em outras palavras, a Guarapiranga, nossa caixa d’água, está se transformando em uma enorme lagoa cheia de um líquido impróprio para o consumo humano.
Além disso, vem ocorrendo nos últimos anos uma epidemia de loteamentos criminosos que destroem o pouco que resta de área verde no entorno da represa.
Bairros inteiros são erguidos à margem da lei, sem licença, planejamento ou infraestrutura. Loteadores criminosos ludibriam famílias que almejam uma moradia, mas acabam adquirindo terrenos ilegais, muitas vezes sem saber, contribuindo inclusive para aumentar o volume de esgoto e lixo despejados na Guarapiranga.
Esta ocupação desenfreada das áreas de mananciais também é responsável pela supressão da mata nativa, que assegura a produção e a qualidade das águas.
As áreas verdes remanescentes no entorno da Guarapiranga prestam enormes serviços ambientais para São Paulo, uma vez que atuam como “esponjas”, absorvendo a água em épocas de chuva e liberando-a gradualmente em períodos de seca.
Com isso, estas “florestas” aumentam a permeabilidade e a retenção da água no solo, garantindo a recarga dos aquíferos e servindo de refúgio para animais silvestres, o que contribui enormemente para o equilíbrio climático de toda a metrópole.
Vale lembrar que a Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) possui uma disponibilidade hídrica de apenas 143 metros cúbicos por habitante/ano, apenas 1/10 da disponibilidade hídrica ideal segundo a ONU (de 1.500 a 2 mil metros cúbicos por habitante/ano). O tema é sério, relevante e requer atenção de toda a sociedade.
Para cobertura do evento no Parque da Barragem solicitamos enviar e-mail de credenciamento para Secretaria do Verde e Meio Ambiente: svma_imprensa@prefeitura.sp.gov.br
Programação:
- Abraço Guarapiranga Parque da Barragem – Capela do Socorro
Domingo 04 de junho 2023
9h00 – Abertura no Parque da Barragem
– Oficinas, atividades ambientais e exposições;
– Tendas de organizações locais, participação de alunos dos cursos de Biologia e de Medicina Veterinária da Universidade de Santo Amaro – Unisa, que promoverão oficinas e orientação para tutores de animais domésticos.
Exposição de abelhas brasileiras sem ferrão, orientações sobre compostagem, teste da qualidade da água pela equipe da Fundação SOS Mata Atlântica
10h00 – Shows e atividades culturais
11h00 – Plantio de mudas;
12h00 – Abraço Simbólico à Guarapiranga