O espetáculo foi premiado no 9º Festival de Teatro de Mogi Guaçu nas categorias de melhor ator, direção e espetáculo; no 1º Festival Nacional de Teatro de Bolso de Brasília na categoria de melhor ator e também foi vencedor no 7º Prêmio Aplauso Brasil nas categorias dramaturgia, atuação, iluminação e produção independente
Um homem solitário que não sai de seu apartamento. Um rato a espreitá-lo. Melancolia. O Desmonte, um texto que estreou em 2018, parecia anunciar os novos e tristes tempos de coronavírus. Em julho, a peça volta a se apresentar no Circuito Municipal de Cultura com Vitor Placca, intérprete do espetáculo escrito e dirigido por Amarildo Felix. A peça teve grande repercussão entre 2018 e 2019 após temporadas em espaços como Sesc Consolação, Teatro Pequeno Ato, Oficina Cultural Oswald de Andrade e em diversas cidades e festivais pelo país.
A peça está ambientada em um apartamento, onde um homem vive sozinho avesso a amigos e visitas após o término de uma relação que anuncia a chegada de tempos tristes. No entanto, na madrugada de mais uma noite solitária, ele recebe a visita inesperada de um rato que aparece para destruir tudo e dar novo sentido à sua vida.
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A ideia para a construção do texto veio de uma visita do dramaturgo ao apartamento de Vitor em que ele se deparou com móveis fora do lugar, produtos de limpeza espalhados pelos cantos e cheiro forte enquanto o ator, com a vassoura nas mãos, dizia estar procurando por um rato que vinha assaltando a casa nas madrugadas. Dessa fagulha, surgiu o texto-base do espetáculo, que foi acrescido de novas ideias, imagens, possibilidades dramatúrgicas e camadas de interpretação. A versão final é carregada intencionalmente de lirismo – o autor destaca que a poesia seja talvez a manifestação artística que mais bordeja os fenômenos para além da linguagem, dentre eles o amor.
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PARCERIA
O espetáculo surgiu da parceria que o autor e diretor Amarildo Felix firmou com o ator Vitor Placca na Escola de Arte Dramática – EAD/ECA/USP, que ambos estudaram e se formaram com a montagem Danton.5, adaptação de A Morte de Danton, de Georg Büchner. Desde essa época, a dupla discutia muito – o meio teatral também – sobre um teatro cada vez mais autoral, em que atores também assumissem dramaturgia e direção.
Outra experiência de Amarildo acabou contribuindo para a criação de O Desmonte foi sua participação no Núcleo de Dramaturgia Sesi British Council em 2014, quando escreveu Solilóquios, peça que também acabou sendo publicada (o seu primeiro livro, seguido de um outro título – SOTAQUE/SINTOMA – poesias, pela Patuá).
Enquanto isso, Vitor foi para o Centro de Pesquisa Teatral – CPT. Lá, pode experimentar parte dos procedimentos criativos do ator desenvolvidos por Antunes Filho, tomando contato com seu método no ano de 2015. O desenvolvimento de uma dramaturgia do ator revelou-se o ponto central dessa experiência.
Foi juntando a experiência adquirida nesses dois espaços que a dupla se aprofundou nos conceitos experimentados para criar O Desmonte. A parceria se efetiva pelo desejo de experimentação de novas formas dramatúrgicas em diálogo com o processo criativo do ator, delimitando um jogo solo com o espectador.
A principal base de pesquisa para a construção da dramaturgia de O Desmonte é a concepção de sujeito pela psicanálise, mais especificamente a Psicanálise Francesa Lacaniana. Lacan (1901 – 1981) ao afirmar que “o inconsciente é estruturado como linguagem”, acabou por tirar de vez a psicanálise do campo da biologia e das ciências naturais, colocando-a no âmbito das ciências humanas, mais especificamente no campo da linguagem.
SINOPSE
O Desmonte trata do término de uma relação que anuncia a chegada de tempos tristes. A melancolia paira sobre um apartamento na cidade, onde um homem vive sozinho avesso a amigos e a visitas. No entanto, na madrugada de mais uma noite solitária, ele recebe uma visita inesperada: um rato aparece para destruir tudo e dar novo sentido à sua vida.
FICHA TÉCNICA
Dramaturgia e Direção: Amarildo Felix
Atuação: Vitor Placca
Direção de arte: Antonio Vanfill
Iluminação e Projeção de Vídeo: Thiago Capella
Sonoplastia: Diego Mazutti
Direção de Produção: Gabrielle Araújo [Caboclas Produções]
Fotos: Letícia Godoy
SERVIÇO
O DESMONTE
De 15 a 29 de julho de 2022 | Sextas às 21h
Teatro Arthur Azevedo (Zona Leste)
sexta-feira, 15 de julho às 21h
Av. Paes de Barros, 955 – Alto da Mooca, São Paulo – SP
Teatro Paulo Eiró (Zona Sul)
sexta-feira, 22 de julho às 21h
Av. Adolfo Pinheiro, 765 – Santo Amaro, São Paulo – SP
Teatro Alfredo Mesquita (Zona Norte)
sexta-feira, 22 de julho às 21h
Av. Santos Dumont, 1770 – Santana, São Paulo – SP
Acesso gratuito | Duração: 40 min. | Classificação: 14 anos