Mulher, negra, mãe, solteira, moradora da favela, catadora de papelão e apenas dois anos de ensino escolar: Carolina Maria de Jesus é considerada uma das principais escritoras do Brasil
Dener Messias
No dia 28 de julho, na Praça Jornalista Ivan Bertolazzi, localizada no centro de Parelheiros, foi inaugurada a escultura em homenagem a Carolina Maria de Jesus. Considerada uma das maiores escritoras do país, Carolina viveu seus últimos anos de vida em Parelheiros, local onde a família da homenageada desejava que fosse exposto o monumento.
A obra faz parte do projeto do Departamento do Patrimônio Histórico da Cidade de São Paulo (DPH), por meio da Secretaria Municipal de Cultura, em homenagem a personalidades negras da cultura paulistana, e será a primeira escultura de Carolina Maria de Jesus no Brasil. O monumento também faz parte da programação em celebração ao Dia da Mulher Negra, Latino-americana e Caribenha, comemorado no último dia 25 de julho.
Programada inicialmente para ser instalada no Parque Linear, o local desagradava a família e admiradores da artista. Sua filha, Vera Eunice, acreditava que a praça central de Parelheiros tinha uma grande representatividade para a sua mãe. Então, Vera expressou para o poder público a sua vontade de mudar o local da obra, como explica o Subprefeito de Parelheiros, Marco Furchi: “Quando a Vera nos trouxe o problema, nós não entendemos isso como uma dificuldade.
Foi uma honra fazer parte deste movimento, e entendendo a vontade da família da Carolina Maria de Jesus, entendendo a vontade dos munícipes de Parelheiros em fazer essa homenagem para Carolina, aqui na praça central, em um dos lugares onde ela viveu grande parte da sua vida, nós conseguimos colocar a Carolina onde ela merece estar”.
Carolina Maria de Jesus
Nascida em Sacramento, Minas Gerais, Carolina mudou-se para a favela do Canindé, zona Norte de São Paulo. Ela retratava em diários a sua dificuldade para sobreviver.
Desempregada, sustentava seus três filhos com o dinheiro da coleta de materiais recicláveis. Seu talento foi descoberto pelo jornalista Audálio Dantas, que em meio a visitas na comunidade, tomou conhecimento dos diários de Maria. Foi assim que, em 1958, com o auxílio de Audálio, Carolina publicou a sua principal obra: Quarto do Despejo: Diário de uma Favelada.
Em 1969 chegou em Parelheiros, onde viveu até os seus últimos dias. Segundo a sua filha, Vera Eunice, Carolina teve uma vida infeliz, devido as dificuldades, porém, em Parelheiros, ela foi feliz.