No mês do Maio Amarelo, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) divulgou o relatório anual de acidentes de trânsito da cidade referente ao ano de 2020. Dados do documento mostram que o número total de acidentes, no primeiro ano da pandemia, foi de 9.837. Em relação ao ano de 2019, houve uma redução de 29,5% (13.966 ocorrências).
Em 2020, 809 pessoas perderam a vida no trânsito. Em 2019, foram 791 vítimas fatais. A queda no número de acidentes e o aumento de fatalidades indicam uma mudança no comportamento dos motoristas durante a pandemia.
As mortes de pedestres foram as menores de que se tem registro na série histórica do relatório, que existe desde 1979. Ao todo, 316 pedestres perderam a vida no ano passado, 43 a menos do que no ano anterior, quando foram registradas 359 mortes (redução de 12%). O número total de atropelamentos (incluindo os fatais e não fatais) segue em queda contínua desde 2012. Naquele ano foram contabilizados 7.044 atropelamentos e, em 2020, foram 1.940 pessoas atropeladas (uma redução de mais de 70%).
A exemplo do que ocorreu em 2018, no ano de 2020, os motociclistas foram as vítimas mais frequentes, com 345 mortes, superando o número de pedestres (316 mortes) pela segunda vez na série histórica.
Em 2020, as mortes de motociclistas representam 48 vítimas fatais a mais do que as 297 registradas em 2019. Um aumento de 16% na comparação entre os dois anos. No ano da pandemia, as motos estiveram envolvidas em 38,7% das ocorrências fatais, enquanto os automóveis tiveram participação de 37,1% nos acidentes envolvendo mortes. Outros 24,2% dos acidentes com mortes envolvem o restante da frota: ônibus, caminhões e bicicletas.
O cruzamento das informações da CET com os boletins de ocorrência da Polícia Civil e as declarações de óbito da Secretaria Municipal de Saúde mostra que o momento de pandemia, em que mais motociclistas passaram a circular em ruas mais vazias, influenciou o aumento. Dentre os motociclistas mortos no trânsito, 92% eram homens, 47% tinham entre 20 e 30 anos, 57 eram motofretistas e 44 eram estudantes (ocupações dentre os motociclistas com os maiores números de vítimas). Os óbitos de motofretistas (incluídos os entregadores por aplicativo) representam 16% do total de motociclistas mortos em 2020. Em 2019, essa proporção foi de 12%.
Ocorrências com motociclistas
A maior parte das ocorrências fatais com motociclistas aconteceu aos fins de semana, principalmente nas noites de sexta, sábado e domingo e nas madrugadas de sábado e domingo. Das 345 mortes de motociclistas, 153 ocorreram aos sábados e domingos. Se incluirmos as mortes que ocorreram nas noites de sexta e nas madrugadas de segunda, esse número sobe para 183 em números absolutos ou 53% do total.
As causas das ocorrências fatais mais frequentemente mencionadas nos boletins de ocorrência foram a perda do controle da moto, com 68 registros, imperícia ou imprudência, com 47 registros, e excesso de velocidade, com 36 registros.
Outro dado que chama atenção é o fato dos motociclistas estarem envolvidos em 21,8% dos atropelamentos fatais registrados em 2020. Dos 307 atropelamentos registrados ao longo do ano, 67 envolviam motos.