Paralisação começou no dia 21 de setembro. Pró-Reitoria manteve calendário e enviou comunicado aos estudantes sobre o risco. Medida atinge estudantes da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) e a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) – as duas unidades que seguem paralisadas
Alunos da Universidade de São Paulo (USP) que ainda permanecem em greve podem perder o semestre e até a vaga na instituição caso não retornem às aulas na próxima semana.
A medida atinge estudantes da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) e a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) – as duas que seguem paralisadas.
A informação foi confirmada pela Universidade e divulgada em comunicado interno enviado pela Pró-Reitoria de Graduação aos estudantes.
Os alunos alegam que a Reitoria descumpriu um dos itens da negociação – de não praticar represália política aos estudantes envolvidos nas mobilizações.
“Isso significa que todos os ingressantes irão perder a vaga na universidade, já que não é permitido haver reprovação em todas as matérias em nenhum semestre do primeiro ano. Além disso, essa resolução já implica na reprovação de todos os alunos que eventualmente faltaram, por qualquer motivo, em alguma aula antes da paralisação”, dizem os grevistas.
A paralisação começou no dia 21 de setembro e teve adesão de diversos cursos. Um grupo de docentes também apoiou o pleito dos estudantes.
Entre as principais demandas, os alunos da universidade pedem a contratação imediata de professores. Desde 2014, este é o menor número de docentes ativos na universidade – 5.190 até agosto deste ano, segundo dados da Pró-Reitoria.
Os estudantes alegam que as demandas ainda não foram atendidas pela reitoria, apesar das inúmeras reuniões realizadas, para que a paralisação seja encerrada.
“O instituto precisa da contratação de 51 professores para completar o quadro, e a reitoria se propôs a repor apenas as aposentadorias dos últimos 4 anos, o que significa contratar apenas 3 professores, sem resolver o problema.”
“O alunos do curso de Obstetrícia estão demorando um ano a mais para conseguir se formar, pois não tem professores para darem as aulas de estágio. Também não conseguimos uma reformulação no auxílio para permanência estudantil, que exigimos pois este ano 38 alunos tiveram seus auxílios cortados sem aviso prévio, por conta de erros da faculdade e mudanças no programa.”
O que diz a USP
Em nota, a Universidade afirmou que foi divulgado na semana passada um comunicado sobre o calendário acadêmico, que não foi alterado, e será encerrado no dia 22 de dezembro.
De acordo com o texto, um comunicado às Escolas e Faculdades reitera esse calendário e informa que, caso as Unidades mantenham a paralisação por mais esta semana (totalizando seis semanas de paralisação), os alunos poderão ser reprovados por falta.
“Por enquanto, não há nenhuma unidade nessa situação (que tenha completado seis semanas de paralisação). Por ora, as que ainda persistem com paralisação é parte da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) e a Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH)”, encerra a nota.
Veja abaixo a lista das reivindicações dos estudantes:
- Não extinguir alguns cursos, como Letras-Coreano, Editoração e Formação de Atores;
- Reposição imediata de professores que se aposentam ou morrem;
- Reformulação do Programa de Apoio à Permanência e Formação Estudantil (Papfe);
- Fim do edital de méritos, que baseia parte da contratação de docentes em avaliação do ensino e da pesquisa, colocando em risco cursos que recebem menos contratações, como os de artes;
- Não punir estudantes que participam das greves.